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Em 1788, conseguiu o indulto desejado e regressou a Portugal, onde tratou da publicação da História de Portugal e das Recreações e onde vendeu aos livreiros Borel & Cª. os direitos do Dicionário da Língua Portuguesa por 2 mil cruzados. Impresso em 2 vols., em 1789, teve tal sucesso de vendas que os editores deram ao seu autor, por sua própria iniciativa, mais 600 mil réis. O Dicionário de Morais teve ainda mais duas edições em vida do autor e sete outras póstumas, além de uma edição fac-similada da 2ª., impressa no Rio de Janeiro, sob a direcção de Laudelino Freire e comemorativa do 1º. Centenário da Independência do Brasil. A 10ª. e última edição é bom se saiba ter sido publicada em Lisboa por uma editorial então dirigida por Adolfo Casais Monteiro e António Pedro e graças ao mecenato deste último. Devendo ainda acrescentar-se que essa edição, pese embora respeitar a norma ortográfica de 1945, teve maior sucesso no Brasil do que em Portugal. Estranho é que, dado aquele sucesso e sendo este, com o de Bluteau, um dos dois verdadeiramente importantes dicionários da língua portuguesa editados em Portugal, não mais tenha sido reeditado depois de 1959. Ordens da mesa do Santo Ofício que, aliás, quiçá tenham sido extensivas também a Rafael Bluteau?

O dicionarista manteve-se em Lisboa até 1794, ano em que casaria. E, porque o sogro tivesse sido nomeado comandante de um regimento em Pernambuco, António de Morais e sua esposa resolveram acompanhar para o Brasil toda a família desta. Em Pernambuco, abriu banca de advogado, tendo nos anos seguintes recebido algumas propostas para seguir a magistratura oficial, propostas que sempre rejeitou, acabando por ser chamado a Lisboa onde, tendo-se negado a prover um cargo na Corte, foi forçado a aceitar os lugares de Juiz de Fora e Provedor dos Ausentes da Baía, cargos de que tomou posse em 1795. Mas a Santa Inquisição não o esquecera e fez passar a Pernambuco um ofício em que o acusava de viver ali «escandalosamente, falto de religião e pouco católico», além de que «não ouve missa em dias de preceito e come carne nos dias de jejum e do mesmo modo conduz a mulher, filhos e escravos…» Posto isto, o autor do dicionário que o haveria de tornar famoso continuou os seus estudos de par com as mais sujas perseguições e uma vida miserável de funcionário em bolandas e, por isso mesmo, falto de saúde. Mesmo assim, em 1806, publicou a Epítome da Língua Portuguesa, que a partir da 2ª. edição do Dicionário, de 1813, passaria a fazer parte deste, e, um ano antes da sua morte, dava ainda ao prelo a 3ª. edição do Dicionário da Língua Portuguesa «recopilada de todos os trabalhos publicados até então».

Centro de Documentação de Autores Portugueses
01/2000

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