Tendo feito, para ingressar na Escola Médica, estudos que se viu forçado a interromper, foi, durante dezassete anos, empregado na CP. Colaborador do semanário O Sindicalista e do diário A Batalha, fundou, em 1913, A Bandeira Vermelha, de tendências bolchevistas. Veemente defensor das reivindicações dos operários, foi demitido da companhia e preso por se ter solidarizado com uma greve de ferroviários.
Foi funcionário da Biblioteca Nacional, a partir de 1932, e conservador da Torre do Tombo. Enquanto esteve na prisão, saiu a lume o seu primeiro romance, A Catedral (1920), que constituiu um estrondoso êxito de livraria. Animado por este sucesso, o autor escreve O Deserto e A Ressurreição, formando uma espécie de trilogia, percorrida pelo mesmo personagem, Luciano, um arquitecto descrente cujo itinerário espiritual é paralelo ao do autor, anarquista progressivamente atraído pelos ideais cristãos.
Além desta trilogia social elabora uma outra trilogia nacional, cujo maior interesse é a profunda afeição que o autor revela pela sua terra alentejana e o cuidado com que descreve os seus cenários, usos e costumes. Desta trilogia, o romance mais conseguido é, sem dúvida, A Planície Heróica, que narra a história de um padre nortenho destacado para uma paróquia do Baixo Alentejo, em luta contra as tentações do amor humano e do abandono da sua vocação religiosa. Há uma certa originalidade na pintura do carácter do herói, e o estilo, influenciado por Brito Camacho, é mais cuidadosamente construído que o da maior parte da sua obra.
É ainda o Alentejo que inspira o melhor da sua constante produção: em A Batalha nas Sombras narra os últimos meses do Convento de Beja acompanhando a doença e morte da última das suas abadessas e desenhando, em pano de fundo, os amores da mais célebre das suas ocupantes, Mariana Alcoforado, de quem, aliás, fará a biografia.
Escreveu ainda trabalhos sobre variados assuntos, dos quais se destacam O Alentejo e A Sé de Lisboa (que tinha sido o teatro do seu primeiro romance e cujo minucioso estudo foi, mais tarde, aproveitado para um trabalho incluído na colecção «A Arte em Portugal», de 1931).
Como ensaísta faz, em Novos Horizontes a apologia de uma democracia em bases cristãs e sindicalistas.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. III, Lisboa, 1994








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