Para além de ter publicado alguns importantes trabalhos da especialidade em que se doutorou, a Matemática, e de se ter dedicado ao estudo da história da educação em Portugal a partir do século XVIII, Luís de Albuquerque colheria, e não sem justiça, a sua notoriedade nas pesquisas que desenvolveu à roda dos descobrimentos portugueses e, em especial, nos domínios das técnicas e ciências náuticas então praticadas, bem como no estudo e na edição crítica de documentos de marinharia até então desconhecidos ou contornados. Sobre esta sua importante actividade, Luís Filipe Barreto salienta: «Este esforço de erudição crítica acompanhada de investigação especializada permitiu uma nova idade documental e problemática no estudo da técnica e da ciência náuticas dos Descobrimentos Portugueses. Não se trata “apenas” de um imenso alargamento quantitativo e qualitativo do quadro documental do historiador, mas, também, de uma atitude de tratamento exaustivo e interno das fontes de marinharia que permite não apenas a especialização do historiador, mas, pela primeira vez, a possibilidade de avaliar conjuntos e séries documentais específicas e representativas.» Marco inicial nos estudos a que dedicaria o mais importante da sua bibliografia, os artigos que publicou na revista Vértice, de Coimbra, em 1957 e 1958, sob o título geral de Introdução Geral à História dos Descobrimentos Portugueses e que, poucos anos depois (1960-62), haveriam de aparecer em separata e em livro. Depois da matemática e da história da educação, depois da introdução ao estudo dos descobrimentos portugueses, da pesquisa e edição crítica de fontes para a história da marinharia, do estudo da ciência e da sua utilização pelos navegadores nos séculos XV e XVI, Luís de Albuquerque dedicaria os últimos anos da sua vida a obras de conjunto e divulgação da história dos descobrimentos portugueses, sendo que o seu último trabalho neste campo acabaria por ser editado já depois da morte – o Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, por si dirigido (1994). Posto que, por vezes e sobretudo no que respeita à própria história dos chamados Descobrimentos, nem sempre conseguindo desligar-se totalmente da tradição que, tantas vezes erroneamente, sobre ela pesa, a obra de Luís de Albuquerque, nomeadamente e sobretudo, aquela em que, quiçá por deformação do matemático e do geógrafo não historiador, abordou criticamente as ciências e as técnicas náuticas, não será mais contornável para quem ao tema se quiser dedicar.
Para além da sua obra em livro e da sua já citada colaboração na revista Vértice, Luís de Albuquerque colaborou em numerosas revistas científicas, nomeadamente as Revistas das Faculdades de Ciências e de Letras da Universidade de Coimbra, a Revista das Ciências do Homem da Universidade de Lourenço Marques, as Memórias da Academia das Ciências de Lisboa, O Instituto, a Gazeta de Matemática, a Revista Portuguesa de Pedagogia e Garcia de Orta. Era membro da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História e foi director do Agrupamento de Cartografia Antiga e da Biblioteca da Universidade de Coimbra. Tendo dado a sua colaboração à Comissão dos Descobrimentos, aí fundou a revista Mare Liberum, de que foi o primeiro director e onde publicou alguns interessantes trabalhos.











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