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Diário inicia-se em 1932 precisamente com uma nota da sua passagem pela Universidade («Passo por esta Universidade como cão por vinha vindimada. Nem eu reparo nela nem ela repara em mim»), indício do desprezo por uma instituição elitista envelhecida e politicamente servil. É nesta altura que lança novos livros poéticos (Tributo, 1931 e Abismo, 1932), época marcada, aliás, pela sua participação em movimentos sediciosos e pelo relacionamento com intelectuais de notória filiação antiditatorial. Em 1934, após breves períodos de exercício da medicina em S. Martinho de Anta e em Vila Nova de Miranda do Corvo (Coimbra), Adolfo Rocha irá perfilhar o pseudónimo Miguel Torga (A Terceira Voz), identificando-se com aquele arbusto espontâneo, resistente e florido em chão agreste e com uma tradição combativa e heterodoxa espanhola (Miguel de Molinos, Miguel de Cervantes, Miguel de Unamuno).

A Guerra Civil de Espanha (1936-1939) – cujos avatares e desenlace foram seguidos neste lado da fronteira com angustiada aflição pelos intelectuais partidários da República – constituiu sem dúvida um abalo afectivo e um reactivo para a revolta e a definitiva conformação do ideário democrático do poeta, assim como um motivo inspirador de boa parte dos seus Poemas Ibéricos (1952, 1965), essa lição de amor peninsular, e do conto «Requiem» (Pedras Lavradas, 1951), da mesma maneira que a subsequente repressão exercida pelo regime de Franco seria denunciada nas páginas de intervenção cívica de Fogo Preso (escritas entre 1945 e 1976 e publicadas nesta última data por óbvios motivos de censura), e a indeterminação submissa de parte do povo peninsular no relato «O Covarde» (Pedras Lavradas).

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